Escrevera-a dois anos antes. Naquele momento quando a releu, sentiu aquele arrepio lento e frio de uma maldição, era o passado, que neste presente abria uma porta para o futuro, traçando-o como se de um triste fado se tratasse.
Escrever, sabia-o ela, era a única forma possível no mundo, para sacralizar algo e também paradoxalmente o exorcizar. Aquela carta era a materialização imutável de um minuto de vida que a iria marcar indelevelmente nos 70 anos que a seguiriam. Pois foi naquele minuto, que descobriu que apenas aspirava a uma felicidade contida... medida, e só esta seria possível.
Descobriu que sempre que foi plenamente feliz, as coisas tendencialmente já não seriam maiores que aquilo e era naquele preciso momento que se começava a preocupar com o pior e a deixar de viver o presente, por sofrer com o futuro antecipado, que ela e apenas ela traçara.
Esta Felicidade plena, tinha sempre um sabor de condenação.
Era feliz apenas por ela e para ela.
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1 comentário:
"Era feliz apenas por ela e para ela."
Um beijinho para ti.
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