segunda-feira, 26 de setembro de 2011

o dia da morte de angela wombat





Quando num dia de monção o sol se abriu naquela terra de ninguém mas de todos, angela wombat sabia que era hora de partir, com uma dignidade que não podia deixar de pautar a sua vida naquele momento, o derradeiro. E sim, esperou pelo sol, porque ela própria era o sol de muita gente, não se podia dar ao luxo de morrer e privar o mundo de dois sóis. Deixou um testamento, que ninguém ousa abrir, porque entretanto já é mito, nunca se abriu por temerem as extravagâncias e porque ninguém estava preparado para elas, dizem que entre os benefícios, consta o elefante oferecido pelo Jagatjit Singh Maharaja de Kapurthala (seu amante), entretanto o elefante está ao cuidado de dona Firmina sua criada pessoal que não vota ao abandono os objectos contadores das histórias da sua mestre.

Pedagogias

Gostava que que as nossas crianças não tivessem tantas oportunidades para fazer algo que não querem fazer e só se lembram que o deviam ter feito lá para os 50 anos. Não há brio neste país, não há vontade, não há educação.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Hoje foi isto


Hoje dei comigo a pensar no meu Sanatorium, que está tudo menos sanado e projetei-me para outro sítio, que tentei desconstruir imediatamente... PLETÓRICO de sentido. De onde vem a palavra pletórica que eu tanto adoro????
Ora segundo a teoria da desconstrução do meu tão adorado Jacques Derrida ( que só me lixa a vida, porque desde que o li analiso e desconstruo tudo até ao mais obtuso dos pormenores), vem do Grego πληθωρικός, e é um adjectivo relativo à pletora, que se encontra em estado exuberante, logo pleno de algo, repleto.

Engraçado está, é toda a relação não etimológica da palavra Pletórica, mas sim como surgiu na minha vida, e o significado que sempre teve no meu inconsciente. E injustamente só hoje me lembrei dela, (enquanto pensava no Sanatorium e no meu exercício de palavras) a ponto de a escrever umas vinte vezes, para me punir.

Li isto pela primeira vez em 2002 e chamem-me ignorante se quiserem, ou então só em 2002 olhei para ela com olhos de ver, num livro do José Gil, e olhei para ela porque? porque num livro que me deprimiu até ao tutano, cheguei a um ponto de apenas me focar em palavras aleatórias das páginas e analisar aquelas que me fossem mais compulsórias ou que exercessem um fascínio imediato no meu cérebro... claro está que andei uns dois dias a matutar na palavra PLETÓRICO, concebia teatros mentais onde a pudesse utilizar, tentei fazer uma lista infinita de sinónimos e acreditem que os há, e por fim pesquisei no google por artigos e pude concluir que é utilizada em vastissímos campos de comunicação, com maior destaque em artigo científicos e descritivos de doenças.

"Aquela criança está pletórica de piolhos!!!" - Juro que na Índia pensei nisto.

Quando queremos dormir...

Acontece-me sempreeeee, mas sempre mesmo, que quero dormir, não o conseguir fazer. Não ouço o tique-taque do relógio em decrescendo, mas é como se ouvisse, aliás era melhor se ouvisse talvez me ajudasse a adormecer.
Também me acontece sempre ter ideias geniais que me podiam deixar milionária, mas o bloco de papel para as escrever está demasiado longe e resigno-me à minha condição de ser eternamente pobre. Também pode acontecer num lapso de inteligência, pegar no telemovel e escrever a ideia num rascunho de mensagem, mas estas nunca são as boas ideias, porque no dia seguinte à luz do dia, da racionalidade e do cheirinho a yogurt de morango, reparo que são ideias tão estupidas e inuteis que não interessam sequer às televendas.
Porém na última noite mal dormida, sobre a luz ténue de algo ligado mas distante, reparei que o "universo cat" me observava e analisava afincadamente, e quando percebi que aquele olhar queria dizer "sim! sou eu...", ela teve noção que poderia ser descoberta e esquivou-se rapidamente para uma zona escura e segura onde não a conseguisse deslindar. Fiquei sem perceber de quem se tratava, porém acho que o "universo cat" não está aqui em casa ao acaso, e assumo que poderá ter interiorizado alguém que nos é querido, só para nos fazer feliz.

sábado, 23 de julho de 2011

Dharshanas




Kali Durga namo namah

Destruição e renovação, como tal és uma divindade suprema.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

coisas no sense

Um reboque passar por nós num ritmo relativamente apressado e com os pirilampos acesos... com uma ambulância em cima.
"Que irónico" by Afonso Pardal.

domingo, 17 de julho de 2011

Na mesma tecla

Reparei ontém que as pessoas demoram demasiado tempo a dar os passos seguintes, não há conjunturas perfeitas. Não se pode planear a vida nesse sentido, se o continuarem a fazer será tarde demais para tudo. Para não falar do rotineiro em que nos embrenharemos.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

segundo os testemunhos

Angela wombat tinha poderes... Sétimos sentidos porque o sexto era demasiado propenso a desgraças... Sim ali havia história, mal contada e errante, prosseguimos com as investigaçoes. E selaremos por fim todas as duvidas. Nunca se sentira tão pobre de tudo, sugaram-lhe o unico brilho que a mantinha presa à realidade, agora não passava de uma nada. Seria sempre assim? Ela uma nada, os outros tudo.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

every day


Um dia conto-te uma história... hoje porém, não é o dia.
Hoje é dia de dores de cabeça e de histórias de cabeças. Há pormenores indicatórios... vou estar atenta.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

A morte saiu à rua num dia assim.

Espero um dia morrer na Primavera, em dias de sol nada parece tão definitivo. Carlota é nome de primavera e quando penso em profecias, esta senhora pode encaixar numa delas. Morreu na primavera, infelizmente antes de vislumbrar as flores alheias que lhe davam tanta alegria.
Era uma Senhora ao estilo de Eça, pelo menos eu acreditava nisso, pois não sei porque, imaginava-a a ler debaixo de uma árvore no seu alpendre. Era acima de tudo uma Senhora de traço delicado, mimada por todos e sempre pautada por uma boa disposição extrema.
Foi ela que ensinou a minha mãe. E nunca tive coragem de lhe perguntar, se esta se portava mal, infelizmente já não vou a tempo.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Sanatorium

Dediquei-me várias vezes a um exercício banal que consistia em pensar instantaneamente numa palavra que definisse uma situação, um corte de pensamentos, ou ainda mais vulgarmente que não definisse nada e simplesmente tivesse ocorrido naquele momento. Depois disso, normalmente faço uma pesquina nada óbvia sobre ela e surge-me desta forma um universo paralelo que me faz feliz.
Ocorreu-me recentemente a palavra Sanatorium, há qualquer coisa nela que me arrepia e que me faz querer imediatamente recorrer ao exercício das palavras para arranjar algo que a substitua.
Hoje resolvi exorcisar o meu Sanatorium, as minhas imagens mentais dele, o espaço preto e branco, frio, solitário e cheio de gritos errantes. E entrei em campos de positivismo (resolução de ano novo, retirar sempre algo postivo das coisas, desconstruí a palavra sem recorrer a imagens e por fim cheguei ao verbo SANAR=resolvido, desmistificado,revelado.

Considero-me o meu Sanatorium in progress, e por fim estarei resolvida, desmitificada e revelada.

domingo, 16 de janeiro de 2011

angela wombat


Em tempos foram amigas, Angela era uma espécie de alter-ego daqueles forçados, em alturas de criatividade. Porém existia há muitos anos, e pintava diariamente. Doroteia gostava de escrever, Angela apenas pintava o que não conseguia dizer por palavras.

Nasceu no Cairo, e refugiou-se no Ceilão, é daquelas pessoas que se recusa a aceitar os nomes novos das coisas, até porque Ceilão, soa a chá, soa a exótico, soa a século XIX e a pachás em cima de elefantes.

Angela Wombat nasceu fora de tempo, e viveu como uma rainha, foram-lhe dedicadas canções, e devotados poemas. Era-lhe algo compulsório, o magistral.

Diz-se por aí que é a garota de Ipanema de Jobim.

Expliquem-me

Há anos e anos que estou a tentar compreender a paranóia das donas de casa com as simplórias caixas guardadoras de excedentes chamadas tupperware (erroneamente, visto isso ser uma marca, porém agora é um ícone aplicado a toda a caixa que conseguir aguentar uma sopinha dentro dela).

Começei por reparar no síndrome através da minha mãe, sempre que eu levava uma comidinha boa comigo, recomendava-me sempre que não perdesse a dita caixinha.

Depois assisti a discussões fenomenais por parte da minha tia, que reclamava para ela as tampas desaparecidas em combate, na casa da minha prima.

... até que na semana passada, conheci a faceta tupperwarezeira de mais uma primorada dona de casa, que me cedeu gentilmente uma boa dose de javali num impecavelmente lavado tupperware e nos recomendou afincadamente que não nos esquecessemos de lho devolver. Nisto dou comigo na cozinha a esfregar e esfregar e passar o dedo, na esperança que nenhuma réstia de gordura assombre a caixinha plástica mágica, porque tenho a certeza, que a dona possessiva dela me iria odiar para sempre.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Quando doroteia libória...



Quis um cão. Teve-o.
... ou então, um cão chamado cat