Todos os dias o ritual é o mesmo, despe-se, avalia-se, pesa-se, lava os dentes e fala consigo. Toda a mecância do acto premeditado de dormir está envolta nessa magia do não pensar, apenas agir.
Não pensar é a forma que as pessoas ditas normais arranjaram para ela não sofrer, porque quem pensa demais também sofre em demasia.
Hoje ao soltar o cabelo, a consciência dela ou a alma metafisíca ficou retida na imagem do espelho, e era agora observada por ele, que habitava agora o corpo dela. Ao vê-la naquele reflexo, feliz, leve, com a luz com que a conhecera, o seu pensamento imediato foi achar que ralmente lhe tinha roubado algo, e arrependeu-se ali de ter fugido de algo que ele próprio criara.
Tinha muito para lhe dizer e só conseguia sorrir timidamente num concerto que ainda não acontecera.
O reflexo soube vivo o amor com que o conhecera, não era preciso falar.
A culpa não era de nenhum, apenas existem almas grandes demais para se confinarem àquele degredo.
Quando Cassandra voltou a si, escreveu no espelho da casa de banho "não vou ao concerto de amanhã!"
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